sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Janela das lembranças


Estava sentada na minha cama, olhando pela janela, quando percebi que o tempo havia passado, que coisas tinha mudado sem perceber. "Hojes e hojes" que num "tarde de mais" virou "ontem" e agora eu estava sem tempo de recorrer, já era tarde de mais.
Mas entendi que não dá pra viver na nostalgia do passado errado e nem planejar muito o futuro, que apenas devemos torcer para escolhermos a cada dia o caminho certo.
Levantei da minha cama e cheguei mais perto daquela janela cheia de lembranças, vi amigos correndo, amores felizes e sentados num banco de madeira que havia perto de um lago que estava naquele bosque, olhando um pouco forçadamente, bem distante em uma árvore havia uma mulher fazendo carinho numa criança, minha mãe. Vi também alguns inimigos, mas felizes também, vi choros e brigas. Olhando no lado escuro do bosque me deparei com uma menina encolhida chorando, e à chamei, perguntei porque ela estava chorando e ela me disse: Não há ninguém deste lado do bosque. Eu perguntei: Qual seu nome? E ela me respondeu em uma voz calma: Sou o passado esquecido. Apenas coisas pequenas, como o maravilhoso café da sua avó, doenças que se foram, músicas cantadas com muita gritaria, risadas de coisas idiotas, coisas pequenas, com valores enormes, que você não se lembra mais.
Então comecei a lembrar de coisas pequenas, como meu primeiro beijo, abraços apertados, risadas, choros e momentos.
Mas só olhei na janela porque havia saudade, sim, saudades, de coisas que para os outros pode ser consideradas muitos estúpidas, coisas pequenas...
Olho para trás e ele estava lá. Lindo como sempre, sorrindo e me chamando de linda, dizendo que estava com saudades dos nossos momentos mais estúpidos, como eu. Conversamos, lembramos do passado, demos muitas risadas e abraços. Fui até a janela novamente e o lado escuro e a menina, haviam desaparecido. No fim, quando ele me disse " Tchau" eu sabia que a saudade voltaria, e com ela, lembranças pequenas se iriam.

Carolina Tavares

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